Instrumentos

Alguns dos instrumentos utilizados no nosso grupo folclórico:

Braguinha

braguinha

O braguinha, cordofone cantante da música tradicional da Madeira é, segundo dizem alguns entendidos na matéria, de todos instrumentos tradicionais da Região Autónoma da Madeira o mais controverso.
Enquanto alguns dizem ser originário de Braga (cidade), o autor do Elucidário Madeirense afirma que o seu nome advém dos antigos trajes, denominados bragas que, outrora, eram usados pelos camponeses do sexo masculino do arquipélago Madeira.
O seu som saltitante e alegre destingue-se dos demais instrumentos de cordas tradicionais/ populares da Madeira e Porto Santo.
Instrumento de solo, (cantante ou ponteado, como vulgarmente é denominado pelo nosso povo) alegre e gracioso foi, em outros tempos, de grande estima das damas e donzelas madeirenses.
O braguinha tem no cavaquinho o seu homónimo, sendo este instrumento muito popular em terras açoreanas e continente português.
Diferencia-se daquele pelo facto da sua escala ser sobreposta à caixa de ressonância e não rasa como esse seu homónimo.
Em certas zonas rurais da R.A.M., dão-lhe ainda o nome de braga, machete, machetinho ou machete de braga

Rajão

rajão

O Rajão, embora ainda pouco estudado no panorama etnográfico madeirense, é um dos mais interessantes, senão mesmo o mais interessante, dos cordofones de mão utilizados nesta ilha.

De entre todos os instrumentos utilizados no folclore madeirense será, provavelmente, o mais genuinamente regional na sua origem e, certamente, aquele que apresenta características mais arcaicas passíveis de serem associadas historicamente à região, pelo menos, desde o século XVII.

A sua afinação reentrante, em que a terceira corda é a mais grave, é típica da viola de mão seiscentista. Pensa tratar-se de uma adaptação da “viola requintada” utilizada, pelo menos, desde finais do século XVI. De facto o único exemplar que sobreviveu até aos nossos dias é a célebre “viola requintada” do português Belchior Diaz, que data de 1581 e que se encontra no Royal College of Music[1]. Este exemplar apresenta dimensões que se assemelham às dos rajões construídos ao longo do século XIX.

Trata-se de um instrumento que é utilizado sobretudo como acompanhador do canto e da dança no folclore da região desconhecendo-se o seu uso em estilo ponteado. Tem bastante influência nas zonas rurais da Madeira, derivada da sua facilidade em acompanhar diversos ritmos musicais.

Este instrumento terá sido exportado para o Havai[2], em tempos idos, pelos madeirenses que emigraram para essas paragens, onde lhe terá sido atribuída a designação de ukulele (que significa pulga saltadora). Aqui terá sofrido diversas alterações passando o seu encordoamento a ser feito apenas com quatro cordas. O seu tamanho também sofreu modificações sendo possível encontrar exemplares de dimensões mais reduzidas. Será aliás este facto que terá motivado acesas discussões sobre a origem do ukulele, sendo que alguns estudiosos defendem que, devido às suas dimensões, seria mais provável que descendesse da “braguinha” (termo utilizado na Ilha da Madeira para designar o cavaquinho). A sua afinação, no entanto, é igual à do rajão e não da braguinha.

Na Exposição Mundial de Lisboa organizou-se, pela primeira vez em cem anos, um espectáculo com músicos do Havai e da Madeira num projecto intitulado Father and Son, onde pudemos ver o reencontro entre o ukulele e os dois instrumentos regionais madeirenses que, supostamente, estiveram na sua origem.

Terá também sido exportado, em grandes quantidades, para outros locais, nomeadamente para a região Norte de África, por volta do ano de 1897.

Viola de Arame

viola de arame

A VIOLA DE ARAME DA MADEIRA é um cordofone da família das violas portuguesas. Se a festa anima, junta-se a outros instrumentos como o BRAGUINHA e o RAJÃO para o acompanhamento do “Bailinho” e da “Mourisca’.
É uma viola pequena, de escala sobreposta ao tampo, com 14 trastos, 87cm de comprimento, 42,5cm de caixa acústica e 27cm de largura máxima de tampo.
A Viola de Arame da Madeira tem 9 cordas distribuídas por 5 ordens, (quatro duplas e uma singela).
A afinação principal deste instrumento é das cordas mais finas para as mais grossas: Ré, Si, Sol, Ré, Sol.

Esta viola era, outrora, muito usada pelos foliões populares em festas e folguedos, no acompanhamento do charamba (cantiga de raiz popular da Madeira e Porto Santo). No entanto, e com o andar dos tempos, os tocadores mais experimentados e com gosto pela exploração completa deste cordofone de som maravilhoso e harmónico, conclui-se que presta-se também para acompanhar outros tipos de cantigas tão populares quanto vulgares na Região Autónoma da Madeira.
A forma de tocar este instrumento é a mesma utilizada para tocar o rajão e o braguinha, podendo ser tocada de ponteado ou em acompanhamento, ficando tal tarefa ao sabor da intuição e/ou da função do tocador.

 

Rebeca

rebeca

Este instrumento de cordas é a versão tida por popular na Madeira do clássico violino.
É um instrumento de cordas que faz parte das orquestras dos grupos de folclore e dos de música tradicional desta Região Autónoma.

Bombo

bombo

O bombo desempenha papel fundamental na marcação das cantigas, quer sejam interpretadas pelos grupos de folclore ou de música tradicional e até como acompanhamento dos brincos e romarias, nos grandes arraiais da região.

Brinquinho

brinquinho

É um instrumento de percussão muito vulgar e popular na Região Autónoma da Madeira e um dos mais queridos, senão o mais querido do povo e dos turistas que nos visitam. Este conjunto de sete bonecos de pano tem, no seu interior, na maior parte dos casos, serradura e são revestidos com trajes típicos do nosso arquipélago, portadores de castanholas, situadas vulgarmente nas costas dos bonecos, dispostos em roda de dois arcos circulares, construídos em arame grosso. Toda esta engrenagem assenta numa cana vieira, possuindo na parte inferior um cabo em madeira (onde o tocador pega, normalmente, com a mão direita), preso a uma verga de arame centralizado no interior da mesma que, por sua vez, é ligado aos arcos circulares, acima descritos, ficando a mão esquerda fixa na cana que suporta todo o este esquema. Toca-se num movimento de acima e abaixo, de modo a ser possível percutir as castanholas. O brinquinho (em algumas zonas também chamado de bailinho), não teve a sua origem nesta ilha, dizendo-se que talvez seja de origem minhota, onde é conhecido por zuca-truca. Há quem defenda também ser de origem africana, o que não nos parece muito impossível, visto que, ao cumprir serviço militar em Luanda, capital de Angola ex-colónia Portuguesa, tivemos a possibilidade de observar alguns instrumentos afins, com as castanholas construídas com formas de cabeças de animais. O brinco era o termo vulgarmente usado para definir outrora, um conjunto de romeiros a tocar e a cantar a caminho e nos arraiais, muito característicos na nossa ilha. É um marcador de ritmo, por excelência, na maioria dos grupos folclóricos existentes nesta ilha. Apesar de não ser de origem madeirense é, no entanto, um dos souvenirs mais apreciados e adquiridos como ex-libris do folclore desta ilha.

Castanholas

castanholas

Este tipo de instrumento, de origem espanhola, sofreu uma aceitação madeirense bastante acentuada. Quando introduzido nesta região, foi sendo adaptado conforme o gosto do seu tocador, visto ser de fácil construção artesanal, atingindo dimensões e configurações das mais exóticas e variadas, indo da imitação de animais até à de aviões. Nos finais da década setenta, tivemos a oportunidade de presenciar, um grupo de idosos da freguesia da Tabua, tocando castanholas gigantes (com tamanho superior à mão de um adulto), onde cada componente percutia uma castanhola, fazendo no seu todo uma orquestra de castanholas. Isto foi possível observar numa exposição de instrumentos, realizada pela oficina de construção e reparação de instrumentos do Conservatório da Madeira, na Ribeira Brava. Nunca mais tivemos oportunidade de presenciar espectáculo igual. As castanholas são um tipo de instrumento muito utilizado no acompanhamento dos despiques (tipo de brinco muito popular nas festas e folguedos desta pérola do Atlântico).

Reco Reco

Reco reco

O reco-reco ou raspadeira é também um dos instrumentos de percussão mais utilizados nos grupos de música tradicional, sendo que os de folclore só o utilizam raramente. Este instrumento é constituído por duas canas-vieira, uma maior e mais grossa, que pode oscilar entre os 50 e 70 cm de comprimento e onde são abertos uns rasgos, e outra mais fina e pequena, que serve para arrastar ou friccionar sobre os rasgos existentes na mais grossa, dando-lhe o ritmo adequado da cantiga a interpretar.

Ferrinhos

ferrinhos

É constituído por um varão cilíndrico de aço dobrado em triângulo, com as quinas quebradas e uma abertura num dos vértices de modo a que o som seja mais vibrato quando tocado. Segurado por um cordel, preso a um dos vértices e percutido com uma vareta de metal, propaga um som agudo. A sua introdução neste tipo de grupos dá-se a partir do século XVIII. É muito usado pelo povo e grupos folclóricos e de música tradicional/popular, sendo quase sempre tocado do princípio ao fim na parte instrumental das nossas cantigas. Os grupos de música tradicional, que se vêm formando desde 1980 a esta parte, utilizam-nos só em determinadas partes das cantigas, vendo-se que os elementos tocadores destes instrumentos têm uma percepção musical mais apurada.

Pandeiros

pandeiros

Os pandeiros e as pandeiretas são instrumentos redondos, com os aros de madeira, ou plástico, através dos quais é aberto um pequeno rasgo, por onde saem as soalhas (pequenas chapas redondas, tipo cápsula de garrafa, rebatida), existindo uns com uma e outros com duas filas das ditas soalhas No seu diâmetro é, por vezes, revestido com uma pele que poderá ser de animal ou sintética, utilizada para percutir, normalmente com a mão, e outras vezes, com maçaneta ou baqueta. Os pandeiros diferenciam-se das pandeiretas por serem de tamanho maior, apesar de na sua forma de tocar não haver grandes diferenças. Noutros tempos, dizia-se ser instrumento usado, maioritariamente, pelas pessoas do sexo feminino mas, com o andar dos tempos, essa característica foi-se perdendo e, actualmente, é tocado por novos, velhos, homens ou mulheres.

Pinhas

pinhas

Este tipo de instrumento, muito popularizado pelas gentes rurais, crê-se, como alguns dos anteriores, que não teve a sua origem na Madeira. É, no entanto, muitíssimo utilizado e tocado da mesma forma que o rec-rec: as pinhas têm de ser colocadas uma em sentido contrário à outra, para que as mesmas possam raspar livremente sem se prenderem e emitirem livremente o som.

Fontes:
http://www.encontrosdaeira.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/rajao